Ardor em firme coração
nascido;
Pranto por belos olhos
derramado;
Incêndio em mares de água
disfarçado;
Rio de neve em fogo
convertido:
Tu, que um peito abrasas
escondido;
Tu, que em um rosto
corres desatado;
Quando fogo, em cristais
aprisionado;
Quando cristal, em chamas
derretido.
Se és fogo, como passas
brandamente,
Se és neve, como queimas
com porfia?
Mas ai, que andou Amor em
ti prudente!
Pois para temperar a
tirania,
Como quis que aqui fosse
a neve ardente,
Permitiu parecesse a
chama fria.
Referência:
MATOS, Gregório de. In: Wisnik, José Miguel. Poemas escolhidos. São
Paulo: Cultrix, 1997. p. 218.
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