Dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da LIVRO infantil, em homenagem à Monteiro Lobato. Ele nasceu em 18 de abril de 1882.
Há um capítulo em A Reforma da Natureza intitulado O livro comestível em que a Emília propõe criar um livro comestível. E, conversando com a Rãzinha a respeito do seu projeto, ela diz assim:
“- Muito simples. Em
vez de impressos em papel de madeira, que só é comestível para o caruncho, eu
farei os livros impressos em um papel fabricado de trigo e muito bem temperado.
A tinta será estudada pelos químicos - uma tinta que não faça mal para o
estômago. O leitor vai lendo o livro e comendo as folhas; lê uma, rasga-a e
come. Quando chega ao fim da leitura está almoçado ou jantado. Que tal?
A Rãzinha gostou tanto da ideia que até lambeu os
beiços.
- Ótimo, Emília! Isto
é mais que uma ideia-mãe. E cada capítulo do livro será feito com papel de um
certo gosto. As primeiras páginas terão gosto de sopa; as seguintes terão gosto
de salada, de assado, de arroz, de tutu de feijão com torresmos. As últimas serão
as da sobremesa - gosto de manjar branco, de pudim de laranja, de doce de
batata.
- E as folhas do
índice - disse Emília - terão gosto de café - serão o cafezinho final do
leitor. Dizem que o livro é o pão do espírito. Por que não ser também pão do
corpo? As vantagens seriam imensas. Poderiam ser vendidos nas padarias e
confeitarias, ou entregues de manhã pelas carrocinhas, juntamente com o pão e o
leite.
- Nem precisaria mais
pão, Emília! O velho pão viraria livro. O Livro-pão, o Pão-livro. Quem souber ler,
lê o livro e depois o come: quem não souber ler come-o só, sem ler. Desse modo
o livro pode ter entrada em todas as casas, seja dos sábios, seja dos
analfabetos. Otimíssima ideia, Emília!
- Sim - disse esta
muito satisfeita com o entusiasmo da Rã. - Porque, afinal de contas, isso de fazer
os livros só comíveis para o caruncho é bobagem, podemos fazê-los comíveis para
nós também.
- E quem deu a você essa ideia, Emília?
- Foi o raciocínio. O
livro existe para ser lido, não é? Mas depois que o lemos e ficamos com toda a
história na cabeça, o livro se torna uma inutilidade na casa. Ora, tornando-se comestível,
diminuímos uma inutilidade.“
Monteiro Lobato
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