A MINHA MÃE
fotografia de MENCK, Filipe. In: http://polissemia.tumblr.com/ |
Hoje preciso falar da minha mãe. É uma mulher um tanto pequena, do olhar ativo e verde. É bem bonita. Não tem formação acadêmica, mas, ao longo da vida, encontrou um jeito de buscar em Deus sabedoria para edificar o seu lar. E assim tem sido. Posso dizer, com segurança, que a minha mãe é uma mulher comum, humilde e sábia...
Com ela, aprendi, também, gostar de poemas. Nunca esqueci do saudosismo de Casimiro de Abreu - “Meus oitos anos" - recitado por mamãe, apesar de que não sabia o poema todo. Olha só um trecho dele:
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
[...]
... Sempre fui muito “chorona”... E, algumas vezes, quando eu chorava, minha mãe recitava um poema (desconheço a autoria), do qual ainda gosto muito...
Jamais esquecerei dele...
E o poema diz assim:
“Se eu pudesse
Se Papai do Céu me desse
uma asa pra voar
eu corria a natureza
e acabava com a tristeza
só pra não te ver chorar”
E havia uma pequena, singela e significativa oração:
guarda, Meu Deus, em Teu amor
Se eu morrer
Se eu acordar
Recebe minha alma
Amém"
E havia uma cantiga... É bastante triste, porque faz parte de muitas realidades. Já pesquisei, mas não encontrei nenhum registro dela. Vejo que para homenagear mamãe, vale a pena registrá-la aqui.
É assim:
Minha mãe
Já esta velhinha
Mora só em sua casinha.
Casa onde eu nasci
Eu e outros meus maninhos
Onde nos criamos ali.
Mas o tempo foi passando
como ali se transformou
Uns morreram
Outros casaram
Outros dali se mudaram
Só minha mãe que ficou.
No pomar, tinha arvoredos
Cada qual os seus brinquedos
E no galho mais arcado
Nós vivíamos pendurados
Sempre alegres a cantar.
Adeus infância querida
Adeus sonhos maternais
Cada passo nesta vida
Nos separa sempre mais.
Bom, isso é um pouquinho da minha grande mãe...
Então, como já falei dela, acredito que agora podemos ler Vinicius de Moares e ver o modo do poeta abraçar, sentir e registrar a angustia e as aflições do seu momento no poema intitulado ' MINHA MÃE' .
É lindo, compensa a leitura!! Vamos a ele,
Minha mãe
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão. que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
MORAES, VINICIUS DE. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:Nova Aguilar , 1998. pág. 186.
Oii prof: gostei mt deste texto!!
ResponderExcluirparabéns!!
beijos!!vou deixar comentários sempre!!
Obrigada, querida!!! Há uma frase de "O pequeno príncipe" que é assim:"Tu te tornas responsável por aquele que cativas" - Você me cativou... bjão.
ResponderExcluirObrigada prof: ja tem um lugarzinho aqui no meu coração!!beijos
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