CARTA
Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelhecí: olha em relevo
estes sinais em mim, não das carícias
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelhecí: olha em relevo
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que a sol-posto
perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.
à hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.
Referência:
ANDRADE. Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
Simplesmente perfeito...
ResponderExcluirSaudade...é lindo até de sentir...
http://coisasdesil.blogspot.com/
Lindo mesmo, Silvana!! Bjs!
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