- Professora?
- Oi, Renan!!!
- O que a senhora vai postar no seu blogger no dia dos namorados?
- Não sei... por quê?
- Ah, estou esperando para ler...
- ahnn!! Que bom... Vou pensar nisso...
- Vai pensar?! A senhora ainda não escreveu o seu texto para o dia dos namorados?
- Escrever?! Vejo que você é um aluno exigente, heim?! Você quer que EU escreva um texto para o dia dos namorados?
- Ué, e por que não???
- Ué, e por que não???
- Não sou poeta, Renan, e ainda estou aprendendo a amar...
- Professora, me desculpe, mas agora a senhora está plagiando uma música daquela cantora que já morreu a... Cássia Eller...
- Não, Renan, nem uma coisa nem outra... A Cássia Eller gravou uma música intitulada “Malandragem”. Uma composição de Cazuza e Frejat... Há um trecho dessa música assim:
"Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Eu sou poeta
E não aprendi a amar..."
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Eu sou poeta
E não aprendi a amar..."
E na realidade, essa música faz uma referência a um texto de um poeta ultrarromântico chamado Alvarez de Azevedo que escreveu um poema intitulado “ Lembrança de morrer” . Nesse poema, encontramos uma estrofe assim:
"Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—"
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—"
- Ah, professora, entendi... então, foi o Cazuza que plagiou esse tal de Alvarez de Azevedo??
- Não!!!!! Ninguém plagiou ninguém... pelo menos, não nesse caso!!! Isso se chama INTERTEXTUALIDADE. Isto é, quando em um texto fazemos citação de outro texto. Na verdade, é um diálogo entre textos... A citação pode ser na íntegra, quando copiamos parte de um texto, mas dizemos quem é o autor; ou quando fazemos, no nosso texto, uma referência proposital de outro texto, ou autor... Isso enriquece o texto... mostra conhecimento textual e leituras... São verdadeiros diálogos textuais...
- Diálogos??? Um texto “conversa” com outro texto?
- É isso!! A gente percebe o texto citado, mas com novo sentido... Como nos exemplos acima... Por isso, é importante sermos leitores para percebermos os explícitos e os implícitos textuais...
- Ah, tá bom... mas, e plágio?
- Bom, plágio é quando se copia algo de alguém e não faz as devidas citações da fonte e autoria e ainda usa como se fosse seu...
- Deixa ver se eu entendi... é “roubar” a ideia de alguém!!!
- Exatamente isso, Renan!! Garoto esperto você, heim!!!
- Obrigado, profe!!! Aqui a gente sempre “ensina” um pouco...
- ????
- .!!!!!
- É isso... Por isso, é importante lermos... Precisamos compreender melhor os diálogos... e até mesmo os diálogos entre os textos... E o próprio diálogo textual interno como neste texto... Certo, my boy?
- Hum hum!!
- Quanto ao dia dos namorados, pretendo sim trazer alguns textos... É só você me seguir...
- ... e o seu texto??
- ... o meu texto já está aqui...
- mas... para o dia dos namorados...
- Quem sabe... sempre vale a pena falar de amor!!! Agora vamos ler Luis de Camôes e Renato Russo . Aqui temos diálogos entre os textos de Camões (poeta Clássico) e Russo (contemporâneo), mas é importante lembrar que em Renato Russo encontramos um intertexto bíblico também.
Então, Renan, antes das leituras citadas acima, leia e pense nisto:
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse toda a ciência, e ainda que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria [...]." (I Cor.: 13)
Amor é fogo que arde sem se ver
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É dor que desatina sem doer;
É um contentamento descontente;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
Luis Vaz de Camões
Monte Castelo (Renato Russo)
Composição : Renato Russo
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
"O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria."
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria."
Arrasou Sara Maria...adoreiiiii!
ResponderExcluirLizi, na realidade, esse texto é uma aula!! Acredito que ficou bom, porque tem sido bastante lido!! Também gosto muito desse texto... E esse menininho - o Renan - realmente existe. Inspirei nele... Um menino muito esperto!! rsrsrs Bjão, Lizi!!!
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