sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"MUDAM-SE OS TEMPOS MUDAM-SE AS VONTADES" por Luiz Vaz de Camões



Um pensador grego – Heráclito – já disse que ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque as águas serão sempre outras.  Para esse pensador, o mundo é uma eterna guerra cheia de contradições e mudanças.

 No soneto, abaixo, de Luiz Vaz de Camões -  poeta clássico português - podemos reconhecer a instabilidade do mundo à moda camoniana.

Vamos ao texto!


"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía. "  


                            soía: costumava




Luiz Vaz de Camões/Classicismo.

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