quinta-feira, 23 de outubro de 2014

23 DE OUTUBRO A 29 DE OUTUBRO: SEMANA NACIONAL DO LIVRO, DA BIBLIOTECA E DO BIBLIOTECÁRIO



                         O Presidente João Batista Figueiredo instituiu a Semana Nacional do Livro, da Biblioteca e do Bibliotecário com início em 23 de outubro e término em 29 de outubro por meio do Decreto  nº 84.631 em 09 de abril de 1980 . Esse dia (29/10)  já tinha sido decretado como o Dia  Nacional do Livro pela Lei  5.191 (2) de 18 de dezembro de 1966.

E para comemorar essa semana vamos publicar novamente um texto de Lygia Bojunga Nunes. Vale a pena ler ainda uma vez!

Vamos ao texto??


LIVRO: a troca



"Pra mim, livro é vida; desde muito pequena os livros me deram casa e comida.

Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de escada;

inclinado, encostava num outro e fazia telhado.


E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro prá brincar de morar em livro.


De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes).
Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.


Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. 
E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. 
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação. 
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia;

e de barriga assim cheia me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, 
arranha-céu,

era só escolher e pronto, o livro me dava. 
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que

- no meu jeito de ver as coisas -


é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais,


eu cismei de um dia alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra - em algum lugar -


uma criança juntar com outros e levantar a casa onde ela vai morar."


Lygia Bojunga Nunes



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

"SAUDADE" por Autor desconhecido



"SAUDADE

na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.


Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

Que saudade..."          




Autor desconhecido

"O TEU DEUS ONDE ESTÁ?" por autor desconhecido

Este texto, li quando era bem jovem e copiei. Gosto dele,  entretanto, não  tenho o nome do  autor.

Gostaria que, se alguém conhece a fonte e for confiável, passe para que possamos honrar quem registrou tão singelo e verdadeiro sentimento.

Vamos ao texto?? 




Se as provações diárias te machucam,
E a beleza de tudo deixas que vá,
Ó  meu amigo, responde a ti mesmo,
Onde está o teu Deus, onde está?

Se não oras, não cantas, não esperas,
Há de revelar-se a natureza má,
Se negas a Cristo nas menores coisas,
Onde está o teu Deus, onde está?

Se murmuras nas adversidades
Sem buscares em Deus as forças pra lutar,
Correrás o risco de ouvir dos ímpios:
Onde está o teu Deus, onde está?

Mas, ao contrário, deixares Jesus Cristo,
Todos os teus atos comandar,
Com certeza, haverão de te pedir,
Por favor, o teu Deus, onde está?  

Autoria desconhecida

sábado, 18 de outubro de 2014

A UM PASSARINHO por Sara Menck




Estive aqui. 
Chamei!
 Bati....

Não, não te ouvi responder!!
Não, não vi o teu rastro!!!
Não, não senti o teu cheiro.

Onde estaria esse meu amiguinho??
Seria só um soninho?
Ou voou para outro ninho??

Ah,  meu pequeno passarinho,
Como sempre soubeste me acolher
E prontamente respondeste todas as vezes
Que à tua porta bati!
Arquivo Sara Menck - Janeiro/2013
Como nunca me negaste o teu abraço
E foste sincero no teu sentir...

Então,  agora
Quando tanto precisei
Aqui estive outra vez
e não mais te encontrei!

Então, bem de leve abaixei
E depositei no tua porta
Este meu carinho.

Não, não se importe com isso, não!
É apenas um vazio que deixaste.

Sara Maria em  06/04/2012

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

"o assassino era o escriba" por Paulo Leminski




Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, regular

como um paradigma da 1ª conjunção.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça..
Paulo Leminski

Referência:
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, p. 158.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

"A AVÓ" por Olavo Bilac



A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .
A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.

Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.

Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"

Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .

E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .

 Olavo Bilac 
Fonte: 
http://www.jornaldepoesia.jor.br/bilac4.html#avo