terça-feira, 13 de maio de 2014

NÃO TE AMO COMO SE FOSSES... por Pablo Neruda

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho. [...]



NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1998. p. 12 (fragmento)

2 comentários:

  1. Que lindo ... estas romântica !!!
    E para contribuir com o romantismo, compartilho um outro poema de Pablo Neruda que eu gosto muito.
    bjusss *-*


    Para não Deixar de Amar-te Nunca

    Saberás que não te amo e que te amo
    pois que de dois modos é a vida,
    a palavra é uma asa do silêncio,
    o fogo tem a sua metade de frio.

    Amo-te para começar a amar-te,
    para recomeçar o infinito
    e para não deixar de amar-te nunca:
    por isso não te amo ainda.

    Amo-te e não te amo como se tivesse
    nas minhas mãos a chave da felicidade
    e um incerto destino infeliz.

    O meu amor tem duas vidas para amar-te.
    Por isso te amo quando não te amo
    e por isso te amo quando te amo.

    Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"

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    1. Obrigada!! Registrarei para o "mundo" essa linda "dica" ! Bjão!!

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