terça-feira, 15 de abril de 2014

adminimistério por Paulo Leminski



    "Quando o mistério chegar,
já vai me encontrar dormindo,
      metade dando por sábado,
outra metade, domingo.
      Não haja som nem silêncio,
quando o mistério aumentar.
      Silêncio é coisa sem senso,
não cesso de observar.
      Mistério, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.
     Quando o mistério voltar,
meu sono esteja tão solto,
    nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.

     Meia-noite, livro aberto,
Mariposas e mosquitos
     pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,
     luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
     que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
     descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?   "

In:   pág. 179

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