terça-feira, 24 de setembro de 2013

EXAUSTO por Adélia Prado

"Eu quero uma licença de dormir, 
perdão pra descansar horas a fio, 
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.

Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies, 
a graça de um estado.

Semente.

Muito mais que raízes. "


Adélia Prado


(PRADO. Adélia. Exausto In: Bagagem. 32ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 26)



sábado, 21 de setembro de 2013

Para comemorar o dia da árvore : CAVEMOS A TERRA, PLANTEMOS A ÁRVORE por Arnaldo Barreto



Árvore Amsterdã - Holanda 2012
   “ Cavemos a terra, plantemos a árvore,
    Que amiga e bondosa ela aqui nos será!
    Um dia, ao voltarmos pedindo-lhe abrigo,
    ou flores, ou frutos, ou sombras dará!

    O céu generoso nos regue esta planta;
    o Sol de dezembro lhe dê seu calor;
    a terra, que é boa, lhe firme as raízes
    e tenham as folhas frescuras e verdor!

    Plantemos a árvore, que a árvore amiga
    seus ramos frondosos aqui abrirá,
    Um dia, ao voltarmos, em busca de flores,
    com as flores, bons frutos e sombra dará

    O céu generoso nos regue esta planta;
    o Sol de dezembro lhe dê seu calor;
    a terra, que é boa, lhe firme as raízes
    e tenham as folhas frescuras e verdor!”
UEL/2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

NEL MEZZO DEL CAMIN... por Olavo Bilac






"Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...



E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha.



Hoje, segues de novo... Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.



E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo."


Olavo Bilac

terça-feira, 3 de setembro de 2013

"UVI STRELLA" por Juó Bananère



Che scuitá strella, nê meia strella!
Vucê stá maluco e io ti diró intanto
Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversando c'o ela.
Inguante che as outra lá d'un canto
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
Nasce. Oglio p'ru ceu: — Cadê strella!?

Direis intó: Ó migno inlustre amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quando illas viero acunversá cuntigo?

E io ti diró: - Studi p'ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz di intendê istras strella.

Juó Bananére (pseudônimo de Alexandre Machado) – momento modernista, debochando dos parnasianos.

VIA LÁCTEA por Olavo Bilac








Referência


BILAC, Olavo.  Ora (direis) ouvir estrelas. In Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,  1996, p. 117.